Ser ou não ser empresário, por Geraldo Wetzel
06/11/2012
|Ser ou não ser empresário, por Geraldo Wetzel Neto
- SC
5/10/2012
Ser ou não ser empresário, por Geraldo Wetzel Neto*
A frase Ser ou não ser, eis a questão” da peça A tragédia de Hamlet”, escrita por Shakespeare, expressa o conflito entre a vontade humana e os desígnios do destino. No Brasil, nossa tragédia” é o conflito entre o empresário e o Estado.
Os procedimentos e regulamentos de natureza legal, fiscal, trabalhista e tributária são permeados de uma burocracia que sufoca o crescimento do País e fragiliza o empresário que, na condição de sócio ou administrador de uma sociedade, fica à mercê do Estado e de seus mecanismos de controle”.
A terceirização, por exemplo, prática comum no mundo, vem sendo arruinada nos últimos anos no Brasil por diversas leis, portarias, decisões administrativas e judiciais, tornando-a um procedimento perigoso para o empresário.
A súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho explicita: Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta”. Ora, a prova da inexistência de pessoalidade e subordinação é frágil e, na maior parte dos casos, a responsabilidade subsidiária recairá sobre o tomador e seus sócios e administradores, a regra na seara trabalhista.
Também como forma de responsabilizar o empresário, o Superior Tribunal de Justiça editou a súmula 435: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.”
Além disso, o STJ julga se o prazo de prescrição de cinco anos para o redirecionamento de cobranças tributárias a sócios flui a partir da constituição do crédito fiscal ou da constatação de fraude ou dissolução irregular da empresa, o que significa, na prática, um aumento do prazo para cobrança.
Ser ou não ser empresário: eis uma tragédia” cujo final cabe ao Poder Público, em todas as suas esferas, reescrever para que não termine em morte como na peça de Shakespeare.
*sócio da Bornholdt Advogados
link: